quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A dor de perder (ou quase) um filho.

Até ontem eu não conhecia o Benicio, infelizmente o conheci depois que foi morar com papai do céu.
Fiquei sabendo através de um blog que sigo e fui tentar deixar uma mensagem para a mamãe do Benicio.
Infelizmente não consegui deixar nenhuma palavra de conforto. O que poderia dizer pra amenizar a dor de uma mãe que perde um filho? NADA.
Diante dessa situação,veio à tona uma dor semelhante que eu já senti e calei(ao menos aqui no blog).

No dia 06/05/2011, Isaac estava com 34 dias de vida, acordei cedo e fui amamentar o Isaac.O tirei do berço e percebi que ele estava meio estranho.Amamentei e ele vomitou tudo. Fui limpá-lo e percebi que a boquinha dele estava escurecida, fiquei tensa e prestando atenção no rostinho dele, de repente Isaac parecia que estava me deixando (já tô chorando). O rostinho dele foi ficando pálido e parecia que ele estava se sufocando, na hora só gritava "Deus, não me tira meu filho!". Os olhinhos dele estavam abertos e paradinhos,eu vi a cara da morte, e ela era pálida demais. Enquanto gritava e chorava liguei pra minha mãe e ela me disse que viria pra gente ir ao médico. De repente Isaac foi voltando ao normal, eu só chorava, estava sozinha em casa. Agradeci a Deus pela vida do meu filho, mas depois de alguns minutos tudo se repetiu, ele vomitou e ficou ali pálido, achei que ele estava se sufocando e o virei de barriga pra baixo, no impulso liguei pra minha mãe novamente e disse que era pra vim rápido pq ele estava tendo aquilo novamente. Minha mãe chegou muito rápido e disse que daria banho nele, qndo ela foi tirar a roupa dele viu q as fezes dele estavam um amarelo meio esverdeado, ele não estava bem. De repente Isaac foi ficando mole e minha mãe se apressou e saímos como loucas, nessa altura eu nem lembrava de ligar pro meu marido.
Fomos a um pronto socorro onde tbm funciona uma maternidade. Esperamos começar o atendimento e, pra minha surpresa, me disseram que ali ele não poderia ser atendido pq era muito pequeno e eu teria que correr na maternidade onde ele nasceu. Corremos pra lá, mas foi em vão.Lá disseram que ele só seria atendido se tivesse até 28 dias de vida, sentei e chorei. Chorei de desespero, chorei talvez pra que sentissem pena de mim e o atendesse, mas não me deixaram passar da recepção. Corri pra um outro hospital, recém reinaugurado na época. Tinha esperança que ali o atendessem, mas a pediatra disse q só o atenderia se ele tivesse 3 meses de vida completos. Me sentei e chorei desesperadamente. Isaac estava todo molinho novamente, qndo tirei a manta ele estava todo sujo. Chorei mais ainda ,entreguei ele no colo da minha mãe, fui pra fora do hospital e no desespero chorei de não me aguentar em pé. Quando olhei pro lado vi um telefone publico. Na hora me lembrei da mulher q virou noticia após conseguir atendimento médico com ajuda da policia. Liguei pra policia. Foi uma policial que me atendeu, chorei e expliquei que aquele era o terceiro hospital q me negava atendimento pro meu filho. Pouco depois chegou uma viatura com 2 policiais, expliquei tudo. eles foram falar com a pediatra q conseguiu convence-los de tirar o Isaac dali antes que ele pegasse uma doença grave. Eu não tinha mais dinheiro nenhum, mas minha mãe já tinha ligado pro meu tio e quando íamos entrar na viatura ele chagou com dinheiro pra gente correr atrás de médico. Entramos na viatura e eles nos levaram para o hospital da Posse.Quem conhece sabe que lá é conhecido como açougue, mais mata do que cura, mas eu não tinha outra opção. Fui orando , pedindo a Deus q desse tudo certo. Chegando lá o policial entro comigo e exigiu atendimento, a tendente ficou olhando estranho e perguntou qntos dias de nascido o Isaac tinha, o policial se meteu e disse que não importava e que ele seria atendido ali mesmo.Qndo ele saiu de perto ela veio com papinho de que não dava pra ele ser atendido ali pq era muito novo. O policial tinha ído lá dentro ver qm era o médico,enquanto  a atendente dizia que não dava pra atender ele veio , me puxou e me levou pra conversar com a pediatra de plantão. Ele só saiu dali qndo ela fez o pedido do exame de sangue e de urina.
Ali ele se tornou meu herói.
A emergência estava tão cheia que não tínhamos onde sentar. Enquanto esperávamos os resultados, Isaac ficou em observação na enfermaria que estava lotada. Tinha criança internada sentada em caeiras, pois faltava leito. Foram horas de angustia, antes de sair de casa Isaac tinha tido febre pq entre um desespero e outro eu cheguei a verificar a temperatura, logo após a primeira ligação que fiz pra minha mãe. Me sentia uma irresponsável por ter colocado filho no mundo sem ter condições de pagar um plano de saúde pra ele. Me sentia culpada, era como se toda aquela humilhação fosse culpa minha. No fim do dia chegaram os resultados. Isaac não tinha nada que os exames detectassem. Um RX tbm foi pedido, mas nada foi constatado. Daí fomos liberados.
Depois que Isaac estava bem e que estavamos em casa ainda chorei um pouco, depois vei a vergonha, não falava sobre isso com ninguém. Ontem, qndo vi que uma criança saudável morreu de repente,me senti no lugar daquela mãe e tudo me veio a memória novamente e com riqueza de detalhes. Graças a Deus meu filho está aqui comigo, mas aquela mãezinha vai ficar com seus braços vazios. Mesmo que ela tenha mais dez filhos,o vazio fica pra sempre. Espero que Deus conforte aquele coração.

Hoje Isaac tem plano de saúde, não passamos mais humilhações desse tipo. Algumas mães achavam estranho meu desespero de tudo correr pro médico.Taí a explicação!
Depois disso tive um outro sustão. no dia do meu aniversário Isaac colocou uma bala, ainda embalada, na boca e se engasgou. Ele estava deitado e quando olhei pro rostinho dele vi que tinha alguma coisa na boca e ele estava sufocando,  foi terrível. Virei a cabeça dele pro lado e enfiei os dedos na garganta dele. Graças a Deus consegui retirar a bala.Preciso contar o que aconteceu?
Chorei! E toda vez que olhava o rostinho dele chorava mais ainda, acho q demorou mais ou menos uma hora e meia pra eu parar de chorar.Chorava e agradecia a Deus por eu estar ali pra salvar meu filho, ficava imaginando que se eu estivesse na cozinha meu filho teria morrido lá no quarto sozinho, daí eu chorava novamente. Cheguei na casa da minha mãe para o almoço com o rosto e os olhos enormes de tanto chorar, ainda sinto vontade de chorar quando lembro.

Bom, esse aqui é o diário de bordo onde conto toda a história do Isaac, essa é uma parte da história que demorei 1 ano e meio pra conseguir contar.Agora deixo registrada aqui.

Ganhei selinho, recebi o meme pra responder, mas o post já está enorme, então esses assuntos ficam pra sábado. Amanhã é niver da minha enteada, uma mocinha linda (herdou a beleza da madrasta rsrsrs) que vai completar 11 anos. Vou levá-la ao cinema pra ver Amanhecer Parte II, foi o que ela me pediu de niver, depois minha sogra, minha mãe e meu marido e o Isaac vão se juntar a nós pra um lanchinho. Acho que até o irmão e a irmã mais velha da Yasmin tbm vão.No fim vai ser uma grande farra.

Bjs

4 comentários:

Grauce disse...

Queli, já passei por susto de engasgo. E uma vez o Junior ficou muito, muito mal.

Só de imaginar meu coração se aperta e meus olhos ardem como se estivessem em chamas. Só um mãe de verdade sabe o que é isso.

Eu não comentei nada no blog da menina que perdeu o filho, porque não temos o que dizer. Tudo o que a gente faz na hora é pensar: e se fosse comigo?

Tice meu filho na maternidade da Posse. Não tenho do que me queixar. Fui muito bem atendida, e o Junior muito bem assistido.

Cláudia Leite disse...

Queli, por Deus, que desespero!
Eu chorei muito com seu post, imaginei teu desespero, sua dor, tudo isso que aconteceu é demais pra uma mãe! E essa mãezinha que perdeu seu bebê tão novinho! Vi outra blogueira comentando, e mesmo sem conhecer essa mãe, já me doeu por ela. A pior dor do mundo é perder um filho, não passei por isso, mas sei, sei porque só ao ver a Bella doente já me dói muito.

Esses dois acontecimentos com o Issac, especialmente o primeiro, em que foram horas de sofrimento, foi demais!
Eu já me culpei por pagar um plano de saúde fuleiro pra Bella, mas hoje ela tem um plano decentem graças à Deus.
Como a culpa nos destrói, não é?
É uma dor que poderia ser desnecessária, mas a gente sente, não tem jeito.

Sinta-se abraçada mãezinha querida, só uma mãe para entender a outra.

Que Deus abençoe muitíssimo essa mãe, que ela não enlouqueça ou deixe de viver, mas que viva ainda mais intensamente (não sei eu seu conseguiria).

Bom final de semana, e muitos bjos no Issac!

Camila Sabino disse...

Que triste infelizmente vim a conhecer o Benicio depois do falecimento e tbm fui lá tentar um palavra de conforto mas nao consegui dizer NADA, queli tm já passei um aperto com peddro quando ele tinha 7 dias de vida, ele se engasgou na ,madrugada asorte foi q vi a tempo, tbm não abro mão do convenio para eles, infelizmente a saude no brasil é vergonhosa!

Unknown disse...

Miga posso ser sincera?
chorei e tou tremendo...
amiga de Deus, eu teria chorado horas, litros tbm!! To ate agora como esse no na gargante e vontade de chorar mais um pouco!
O pior de tudo pra mim foi vc ter levado a tres hospitais!!!
AQUI NO URUGUAY NAO EXISTE ISSO!!! aqui todo mundo è atendido, e mae q vem com bebe no colo assim, passa direto na emergencia e se os medicos vêm q o caso e grave vai direto pro CTI, e chegam a levar pra um outro hospital mto mais avançado tecnologicamente falando!!
Amiga estou passada com isso. Acho um absurdo, da vontade de chorar mais ainda por saber de uma coisa assim. Como deixam uma mae sair com seu filho desse jeito procurando hospital por hospital, meu Deus, è uma monstruosidade!
Q preparaçao tem esses medicos??

E Louvado seja Deus pela sabedoria q Ele te deu, de chamar a policia amiga, senao quem sabe se Isaac teria sido atendido!

Agora mais aliviada um pouco, posso dizer Louvado seja Deus pela vida do Isaac. E eu sei o q è isso, pq eu quase perdi a Rafa antes e depois de nascer e Deus me deu a oportunidade de te-la comigo.
Imagino a dor desta mae. Q Deus conforte o coraçao dela, do pai, e da familia toda q vive esse luto.